Canto Litúrgico II

PROCISSÃO DA BÍBLIA:

Significado Litúrgico - Na missa celebramos a Palavra e a Eucaristia. A Palavra é a Bíblia: revelação do amor de Deus, fonte de salvação, o Verbo de Deus que, na liturgia eucarística, tornar-se-á carne que habitará entre nós (ler o capítulo 1º e 6º do evangelho de João). Portanto, a Palavra é o próprio Deus que se revela ao homem, e é por isso que a aclamamos de todo coração e de toda alma.

Podemos dizer que este canto não faz parte “oficialmente” da liturgia, sendo portanto falcultativo, não devendo ser regra constante, apenas em ocasiões excepcionais. Geralmente é usado em missas solenes, ficando a critério do grupo de liturgia e do pároco.

Deve aclamar a chegada da palavra de Deus, a qual deve ser trazida em procissão, devendo ser usada a própria Bíblia, ou o Lecionário ou o Evangeliário.

Este canto acompanha o rito da procissão da Bíblia e, por isso, deve ser encerrado ao término desta procissão.

 

SALMOS DE RESPOSTAS (ou responsoriais):

Significado Litúrgico - Os salmos, em número de 150, são partes integrantes da liturgia da Palavra. Sempre estão em concordância com a primeira leitura, sendo uma resposta aos apelos desta, ou seja, o salmo é responsórial porque o povo, após ouvir a palavra de Deus na 1ª leitura, responde em concordância com o que acabou de ouvir.

A palavra salmo significa oração cantada e acompanhada de instrumentos musicais, originária das poesias colhidas da fé do povo israelita. É por isso que todo salmo deve ser cantado e toda a assembléia deve responder cantando com um refrão.

O salmo de resposta é parte integrante e insubstituível da liturgia da palavra, aliás tem estreitas ligações teológicas com a 1ª leitura e existe, o salmo, como exclusiva resposta a ela, como já foi exposto acima. É por isso que nenhum grupo de canto tem a autoridade de modificar o salmo do dia.

O salmo de resposta deve ser SEMPRE cantado, pois o mesmo é um canto originário do povo israelita. Quando o coro não souber a melodia do salmo, o grupo deve adaptar a letra a outra melodia já conhecida.

Como o nome também sugere, o salmo deve ter uma resposta do povo, onde o refrão deve ser cantado pelo povo.

 

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO:

Significado Litúrgico - O Evangelho é o próprio Cristo que nos vem falar a boa notícia. É por isso que, de pé, na posição de quem ouve o recado para ir logo anunciá-lo, todos nós aclamamos a Cristo que vem anunciar suas palavras de salvação, cheios de imensa ALEGRIA.

Este canto é o próprio rito de aclamação ao evangelho e deve ser cantado integralmente.

Para que um determinado canto possa ser considerado como canto de aclamação ao evangelho, este deve obrigatoriamente conter a palavra ALELUIA, que significa alegria, exceto no tempo da quaresma onde este aleluia é vetado, em virtude do forte tempo de penitência e contrição.

 

PROFISSÃO DE FÉ (ou credo, ou creio):

Significado Litúrgico - A oração do Credo expressa os principais dogmas (princípios de fé) da igreja Católica Apostólica Romana. Nele está contida toda a essência de nossa fé.

Existem basicamente 2 modelos: o mais comum e curto, recitado na maioria dos domingos, chama-se Símbolo dos Apóstolos; o mais completo e longo, reservado para ocasiões especiais, chama-se de Símbolo Niceno-Constantinopolitano, por causa dos concílios ecumênicos de Nicéia-Constantinopla, que explicita mais minunciosamente os princípios da fé católica.

A partir do século II, a fé católica foi posta à prova através de 3 principais heresias relacionadas à Trindade Santa, chamadas de Arianismo, Monarquianismo e Macedonianismo. Essas controvérsias foram totalmente esclarecidas pelos concícios de Nicéia I (325 d.C.) e Constantinopla I (381 d.C.), cujas conclusões foram as seguintes:

- Igualdade de natureza do Filho com o Pai. Jesus é "Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai".

- Fixação da data da Páscoa a ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera (hemisfério norte).

- Estabelecimento da ordem de dignidade dos Patriarcados: Roma, Alexandria, Antioquia, Jerusalém.

- A confissão da divindade do Espírito Santo, e a condenação do Macedonismo de Macedônio, patriarca de Constantinopla. "Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho e que falou pelos profetas". "Com o Pai e o Filho ele recebe a mesma adoração e a mesma glória"(DS 150).

 - Condenação de todos os defensores do arianismo (de Ário) sob quaisquer das suas modalidades.

- A sede de Constantinopla ou Bizâncio ("segunda Roma"), recebeu uma preeminência sobre as sedes de Jerusalém, Alexandria e Antioquia.

A Profissão de Fé pode ser cantada, geralmente em missas solenes, mas toda a assembléia deve conhecer bem o canto, para que ninguém fique sem cantá-lo por falta de conhecimento da melodia ou letra.

Este canto é o próprio rito da profissão de fé e deve ser cantado integralmente, sendo que a letra do canto deve obrigatorialmente possuir todo o conteúdo da oração recitada:

 

Símbolo dos Apóstolos

Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos; creio no Espírito Santo; na santa Igreja católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.

Símbolo Niceno-Constantinopolitano

Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus, e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.

 

É falsa, portanto, a idéia de que apenas basta ter as invocações de “Creio no Pai, Creio no Filho e Creio no Espírito Santo”, para que um canto seja verdadeira Profissão de fé. Com isso, podemos constatar que é um ERRO LITÚRGICO bastante comum em inúmeras paróquias e em inúmeros grupos de canto, a substituição da recitação da Profissão de fé por cantos que não a contenham integralmente.

 

ORAÇÃO DOS FIÉIS (ou oração universal):

Significado Litúrgico - “Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta...” (Mt 7,7-9).

Na oração universal, como o próprio nome já sugere, rezamos por 5 principais intenções de toda a igreja universal (o nome católico significa universal): (1) pelas necessidades da igreja; (2) pelos poderes públicos; (3) pela salvação do mundo inteiro; (4) pelos que sofrem qualquer dificuldade; (5) pela comunidade local e pelas intenções particulares.

 Neste oração, o povo, exercendo sua função sacerdotal, suplica a Deus em nome de  todos os homens.

 

APRESENTAÇÃO DAS OFERTAS:

Significado Litúrgico - No início da liturgia eucarística são levadas ao altar as oferendas que se converterão no Corpo e Sangue de Cristo: o pão e o vinho!

Assim como o 1º sacerdote do antigo testamento, Melquisedec, ofereceu ao Senhor o pão e o vinho (Gn 14,18); assim também como Cristo, na última ceia, ofereceu, ao Pai, o pão e vinho e os transformou em Corpo e Sangue seus; assim também nós oferecemos ao Senhor em sacrifício o pão e o vinho para a glória do nome do Senhor e para o nosso bem. Esse pão e esse vinho também para nós tornar-se-á Corpo e Sangue de Cristo, via de salvação, dons de vida eterna.

Devemos ter o cuidado para não confundir o rito do ofertório com as ofertas materiais: dinheiro, objetos, alimentos, os quais podem ser apresentados ou recolhidos, mas não podem tirar o brilho da apresentação do pão e do vinho que serão consagrados em corpo e sangue de Jesus Cristo.

Este canto acompanha o rito da apresentação das ofertas e, por isso, deve ser encerrado quando sacerdote termina de oferecer os dons a Deus e lava as mãos. Nas missas solenes, quando há o uso de incenso, este canto deve se estender até o momento após a incesação da assembléia, corpo místico de Cristo.

Para que um canto seja considerado como de apresentação das ofertas, este deve obrigatoriamente conter as palavras PÃO E VINHO ou deixar implícito que as ofertas que realmente importam são o pão e o  vinho.

 

ACLAMAÇÃO AO SANTO:

Significado Litúrgico - É a aclamação pela qual toda a assembléia, unindo-se aos espíritos celestes, louvam a Deus trindade, 3 vezes santo, pois Deus é o Santo dos santos.

Este canto é o próprio rito de aclamação do Santo e deve ser cantado integralmente.

Por isso, para que um canto seja considerado canto de santo, ele deve obrigatoriamente conter todas as palavras da oração recitada, ou seja: SANTO, SANTO, SANTO (ou seja 3 vezes santo) + BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR + HOSANA NAS ALTURAS.

PÓS-CONSAGRAÇÃO:

Significado Litúrgico - Deve ser a própria aclamação ou adaptação dela. Quem define se esta aclamação é ou não cantada é o próprio sacerdote, o qual  iniciará  cantando e o povo responde também cantando. Quando o sacerdote cantar“eis o mistério da fé”, o povo deverá responder cantando de acordo com as aclamações nº 1 ou nº 2; caso o sacerdote inicie cantando “tudo isto é mistério da fé” o povo deverá responder cantando com a aclamação nº 3.

Eis o mistério da fé:

Aclamação Nº 1 è Anunciamos, ó Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.

Aclamação Nº 2 è Salvador do mundo, salvai-nos. Vós que nos libertastes pela cruz e ressurreição.

Tudo isto é mistério da fé:

Aclamação Nº 3 è Toda vez que se come deste pão, toda vez que se bebe deste vinho, se recorda a paixão de Jesus Cristo e se fica esperando a sua volta.

 

Obs: Na Oração Eucarística existe um momento chamado de Epiclese, que é o instante onde o sacertode implora a descida do Espírito Santo para consagrar o pão e o vinho, geralmente com a frase: “Nós vos suplicamos que envieis o vosso Espírito Santo” ou “Mandai o vosso Espírito Santo”. Este é o instante em que todos se ajoelham em sinal de adoração.

Quando o sacerdote recita ou canta “eis o mistério da fé” ou “tudo isto é mistério da fé”, todos, antes ajoelhados desde a Epiclese, agora imediatamente devem ficar de pé.

DOXOLOGIA FINAL (ou grande Amém):

Significado Litúrgico - É o amém mais importante da missa, pois finaliza com a confirmação de que “ assim seja” toda a glorificação do mistério salvífico, onde tudo foi feito por Cristo, em Cristo e para Cristo, para glorificação do Pai no Espírito Santo e para o bem de toda a igreja.

Por isso, este canto deve conter, no mínimo, três vezes a palavra Amém, preferencialmente cantado. Quem decide se a doxologia final será ou não cantada é o próprio sacerdote que iniciará cantando: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo a vós Deus Pai, todo-poderoso toda honra e toda glória agora e para sempre”, e o povo deverá responder também cantando: “Amém, amém, amém.”