Canto Litúrgico III

PAI-NOSSO:

Significado Litúrgico - Deve ser reservado às missas solenes, pois nem todas as pessoas, muitas vezes, conhecem o canto escolhido para o pai-nosso, fato contrário quando este é recitado, onde todos o rezam. Para se evitar isso, esse canto deve ser exaustivamente ensaiado antes da missa com o povo.

É um canto que é o próprio rito, devendo ser cantado integralmente. Para que um canto seja considerado corretamente como canto de pai-nosso, ele deve obrigatoriamente conter toda a oração do pai-nosso.

Devemos abolir radicalmente o canto de músicas parodiadas, como por exemplo: “Ó pai-nosso, tu que estais nos que amam a verdade..” que é a mesma melodia da música tema do filme ‘A primeira noite de um homem”.

 

SAUDAÇÃO DA PAZ:

Significado Litúrgico - Os fiéis imploram a paz e a unidade para a igreja e toda a família humana e exprimem mutuamente a caridade, antes de participar do mesmo pão, através de saudação com: “A paz de Cristo!”.

 

É considerado por alguns como inapropriado para antes da comunhão, pois dispersa o povo e desvia o clima de oração para o rito seguinte, sendo por eles colocados em outros momentos na liturgia da missa (após a bênção final, ou após o ato penitencial, ou após a apresentação das ofertas...). Mas a saudação da paz após a oração do pai-nosso está liturgicamente prescrita e fica a critério de cada costume local, como também de cada rito católico aprovado pela Sé Romana (melquita, maronita...). O que se deve fazer é desejar a Paz de Cristo para o irmão que está à direita e para o que está à esquerda, não é recomendado sair pela igreja cumprimentando a todos, pois esta atitude, realmente dispersa a todos.

Não há regra específica para este canto, apenas que ele fale na paz de Deus que se deseja ao outro, nem mesmo há a necessidade de cantar.

 

 FRAÇÃO DO PÃO ou ACLAMAÇÃO AO CORDEIRO DE DEUS ou Agnus Dei (em latim):

Significado Litúrgico - Após a saudação da paz, o sacerdote fraciona o pão (corpo) e o mistura-o no sangue. Neste instante ocorre a união do Corpo ao Sangue de Cristo, e todos participarão integralmente da comunhão deste corpo e deste sangue, mesmo recebendo apenas uma das espécies. Com esse gesto relembramos Cristo, na Ceia derradeira, bem como as celebrações das primeiras comunidades cristãs, que reunidas partiam o pão entre si, celebrando os mistérios da salvação. É importante ainda lembrarmos da passagem em Emaús, onde os discípulos reconheceram o Cristo ressuscitado somente no momento da fração do pão.

Esse momento também é conhecido como a aclamação ao Cordeiro de Deus ou ao Agnus Dei, segundo a liturgia antiga.

Após o ato da fração do pão, todo o povo repete as invocação de João Batista, que mostrou ao mundo o Cordeiro de Deus, aquele que superara todos os sacrifícios, aquele que fora imolado, remindo toda a humanidade consigo: “Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira todo o pecado do mundo!” (Jo 1,29-36). O Pecado a que se refere o Agnus Dei é o Pecado Original.

O termo “cordeiro de Deus” faz alusão ao antigo ritual dos judeus que matavam, em sacrifício de louvor a Deus e em reparação de seus pecados, um cordeiro primogênito (o primeiro da cria) para a expiação dos pecados. Isso era feito periodicamente em comemoração à páscoa (passagem) dos judeus libertos da escravidão do Egito. Este rito judeu era a imolação do cordeiro, onde este era morto, seu sangue aspergido e sua carne comida.

 

Veja toda a descrição deste sacrifício no livro do Êxodo, capítulo 12, versículo de 1 a 14.:

“Javé disse a Moisés e Aarão na terra do Egito: "Este mês será para vocês o principal, o primeiro mês do ano.  Falem assim a toda a assembléia de Israel: No dia dez deste mês, cada família tome um animal, um animal para cada casa. Se a família for pequena para um animal, então ela se juntará com o vizinho mais próximo de sua casa. O animal será escolhido conforme o número de pessoas e conforme cada uma puder comer. O animal deve ser macho, sem defeito, e de um ano. Vocês o escolherão entre os cordeiros ou entre os cabritos, e o guardarão até o dia catorze deste mês, quando toda a assembléia de Israel o imolará ao entardecer. Pegarão o sangue e o passarão sobre os dois batentes e sobre a travessa da porta, nas casas onde comerem o animal. Nessa noite, comerão a carne assada no fogo e acompanhada de pão sem fermento com ervas amargas. Vocês não comerão a carne crua nem cozida na água, mas assada no fogo: inteiro, com cabeça, pernas e vísceras. Não deixarão restos para o dia seguinte; se sobrar alguma coisa, devem queimá-la no fogo. Vocês devem comê-lo assim: com cintos na cintura, sandálias nos pés e cajado na mão; vocês o comerão às pressas, porque é a páscoa de Javé. Nessa noite, eu passarei pela terra do Egito, matarei todos os primogênitos egípcios, desde os homens até os animais. E farei justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou Javé. O sangue nas casas será um sinal de que vocês estão dentro delas: ao ver o sangue, eu passarei adiante. E o flagelo destruidor não atingirá vocês, quando eu ferir o Egito. Esse dia será para vocês um memorial, pois nele celebrarão uma festa de Javé. Vocês o celebrarão como um rito permanente, de geração em geração.”

Com Cristo, este sacrifício assumiu um significado novo: Cristo, o primogênito de Deus, veio morrer em sacrifício para pagar, de uma vez por todas, o nosso pecado e nos deu sua carne e seu sangue como verdadeira comida e verdadeira bebida. Era deste cordeiro que João, o Batista, se referia: o Cordeiro de Deus!

 

Este canto é o próprio rito de aclamação à Fração do Pão e deve ser cantado integralmente, devendo ser iniciado justamente no instante em que o sacerdote toma nas mãos o corpo de Cristo, fraciona-o e põe um fragmento dentro do cálice. É pois importante que o grupo de canto esteja atento a este momento.

Por isso, para que um canto seja considerado canto de Cordeiro de Deus, ele deve obrigatoriamente conter as palavras: CORDEIRO DE DEUS QUE TIRAIS O PECADO DO MUNDO, TENDE PIEDADE DE NÓS ... DAI-NOS A PAZ.

 

 COMUNHÃO:

Significado Litúrgico - Enquanto o sacerdote e os fiéis recebem o Corpo de Cristo, entoa-se o canto de comunhão que exprime, pela unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes, demonstra a alegria dos corações e torna mais fraternal a procissão dos que vão receber o Corpo de Cristo. Lembremos das palavras do próprio Cristo: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida.... Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele” (Jo 6,51-58).

Este canto acompanha o rito da comunhão. Portanto, quando a última pessoa terminar de comungar, este canto deve ser encerrado.

Deve obrigatoriamente falar sobre a comunhão, ou sobre o corpo e sangue de Cristo, ou sobre o pão da vida, pão do céu, ou qualquer outra palavra que faça alusão à mistério da eucaristia.

 

REFLEXÃO ou AÇÃO DE GRAÇAS:

Significado Litúrgico - Após o comunhão, deve-se adotar o silêncio sagrado, onde todos meditam, louvam e rezam a Deus no íntimo do seu coração.

Esse momento é dedicado exclusivamente a Deus, onde a criatura adora ao Criador, o remido louva o Salvador, o imperfeito adora o Amor em perfeição.

A assembléia pode cantar um hino que una todas as preces de louvor e adoração num só propósito.

É considerado por alguns padres como inapropriado, mas está prescrito no missal romano. Portanto, pode ser cantado e é facultativo.

Deve ser obrigatoriamente um canto onde o destinatário é o próprio Deus, ou seja, deve ser um canto que ajude no diálogo com Deus, Cristo Eucaristia. Jamais deve ser cantado, neste momento, um canto a nossa Senhora, ou cantos de apresentações teatrais, homenagens... (dia dos pais, dia das mães, aniversários...).

 

BÊNÇÃO FINAL:

Significado Litúrgico - A bênção final não é o fim, mas início da grande missão do cristão: ir anunciar o boa nova a toda gente. A despedida da assembléia ocorre a fim de que todos voltem às suas atividades louvando e bendizendo o Senhor com suas boas obras.

Portanto, é um momento de alegria, onde desde já se fica na ânsia de voltar à casa do Senhor para a “pausa restauradora” , que é o sacrifício dominical da santa missa.

Deve expressar a intenção do fim da missa: o início de nossa missão no mundo, pois a missa não se encerra com a bênção final, ela inicia o nosso dever de cristão: “Ide pelo mundo e anunciai o evangelho”.

É um canto que acompanha o rito da saída do sacerdote do presbitério. Geralmente, no canto final, podemos cantar um canto de Nossa Senhora, quando for em tempo oportuno e em festas próprias.

 

Fonte: Paróquia Divina Espírito Santo.